Macapá, 26 de maio de 2011.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Something

Something in the way she moves
Attracts me like no other lover
Something in the way she woos me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

Somewhere in her smile she knows
That I don't need no other lover
Something in her style that shows me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

You're asking me will my love grow
I don't know, I don't know
You stick around now it may show
I don't know, I don't know

Something in the way she knows
And all I have to do is think of her
Something in the things she shows me

I don't want to leave her now
You know I believe and how



Algo

Algo na maneira em que ela se move,
Me atrai como nenhum outro amor
Alguma coisa em seu jeito me agrada

Eu não quero deixa-lá agora
Você sabe que acredito e muito

Algum lugar em seu sorriso, ela sabe
Que não preciso de outra
Algo em seu jeito que ela me mostra

Eu não quero deixa-lá agora
Você sabe que acredito e muito

Você me pergunta se meu amor vai crescer
Eu não sei, eu não sei
Fique por perto e você verá
Eu não sei, eu não sei

Alguma coisa em seu jeito, ela sabe
E tudo que tenho de fazer é pensar nela
Algo nas coisas que ela me mostra

Eu não quero deixa-lá agora
Você sabe que acredito e muito
(The Beatles)


***

Na minha infância gostava dos Beatles por osmose: minha mãe escutava, meus tios escutavam, meu tio tocava no violão e os filmes reforçavam. Cantava suas músicas sem me importar com a tradução, cantava (embromation) simplesmente por gostar das melodias. Tempos depois fui conhecendo pessoas que realmente gostam da banda dos caras - que foram Os Caras em seu tempo e que ainda o são para muitos nos tempos de hoje. Pessoas que ao observar percebia: "Caraca, como ele/ela conhece Beatles!". Ficava impressionada. Uma galera que não se importava simplesmente com as melodias, ou as mais tocadas e que sabiam a exata tradução de cada letra, ao contrário da minha ignorante pessoa.

Hoje, meu gostar por Beatles não evoluiu, mesmo adimirando as pessoas da minha geração - que gostam tanto deles que chegam a parecer íntimas - mas sofreu uma metamorfose, eu diria, foi de curtir à afeição com a instantânea influência de mais um filme (eu confesso) chamado "As melhores coisas do mundo", bela produção brasileira que conta a história simples de um adolescente e seus conflitos existenciais, mas com uma singularidade. Uma das trilhas do filme é "Something", que o protagonista aprende a tocar após muito exforço para impressionar uma garota.
Ouvindo something fui remetida novamente à infância do embromation, por há muitos anos não ouvi-la. Ela persistiu em meus pensamentos, mas também foi vingada pela paixão que meu namorado tem pelas músicas destes britânicos, que aprendeu as cifras e passou a dedilhá-la no violão e tocá-la sempre que sua vontade pede. E hoje foi um dia desses, mais uma vez ele a tocou e mais uma vez na minha cabeça (ou no meu arquivo musical de cabeça), ela ficou. Veio a curiosidade da tradução e para o meu espanto ela diz: " ... You're asking me will my love grow. I don't know, I don't know. You stick around now it may show. I don't know, I don't Know ... " / " ... Você me pergunta se meu amor vai crescer. Eu não sei, eu não sei. Fique por perto e você verá. Eu não sei, eu não sei ... " ... Que é exatamente o que ele me diz, para viver o presente sem pensar no futuro, ficar sem cobrar um futuro que não sabemos se virá. Minha opinião utópica não mudou, ainda quero alguém pra ficar junto, amasiada, como dizem. Mas ao lado dele aceitei viver o presente sem planos utópicos, estar com ele no hoje me basta, com a certeza subjetiva de que tudo tem seu fim. O amanhã pertence a Deus.

Por essas, The Beatles agora embala mais um de meus momentos, ainda que eu não os tenha buscado. Por essas, "Something" passa de música do acaso para trilha na estrada do meu destino.