Aprendemos a aceitar e a conviver com a ausência daqueles que já se foram, mas esquecer completamente é inevitável. Ás vezes, me sinto assim. Uma grande perda é insuperável, transforma a nossa vida, revira o nosso mundo, aflora nossos sentimentos e deixa uma cicatriz considerável no nosso coração. O golpe momentâneo é forte, mas ameniza com o passar dos anos.

As lembranças vão se tornando imagens turvas na memória e se, no momento em que foram vividas tinham uma trilha musical alegre, agora as trilhas são compostas de um tom nostálgico. Em algumas horas o desejo de estar e viver o presente com aqueles do passado se torna tão forte que é impossível não pensar em como seria se assim fosse possível. Pensar no que aconteceria, se algo mudaria em sua vida, se algo você não faria ou, se faria mais e melhor.

O medo da reprovação das atitudes tomadas também vêm à tona como se, mesmo que aquela pessoa que não está mais ao seu lado tivesse o poder de influenciar em seus atos. Estas horas raras em que a saudade bate, sentir-se fraco é normal, sentir-se solitário também, pois, o laço de união terreno que foi cortado retorna como se estivera sempre ali.

Aqueles que já sentiram na alma a perda sabem de sua dimensão e também sabem o quanto nos exforçamos diariamente para não lembrar e continuar a viver nossa vida como se aquilo não tivesse acontecido. O fato é que ao tentar ignorar impulsionamos e avivamos as memórias que estavam em período de hibernação na nossa mente e no nosso coração.





"... Sonífera ilha
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz..."

(Titãs)






...Por vezes é inevitável pensar nisso e por vezes também é inevitável falar nisso.



Lianha Himura